voltas ao quarto de aluguer
por toda a noite cantam
prontas a cair a cada passo
as sombras pardas do tempo
enfias as mãos debaixo da roupa
pousadas no peito antigo
pesam mais que todo o corpo
mais que a flor roxa da manhã
que o amor desperdiçado
bloco de notas para deitar fora
voltas ao quarto de aluguer
por toda a vida quis escrever um verso
a cada passo uma nova angústia
uma parede de rocha nos teus olhos
inventamos avenidas à beira mar
há uma insónia à espera
uma chuva de areia fina
há uma canção nos teus olhos