hoje vi-te cair de joelhos aos olhos do senhor entregar ao seu coração de fogo todos os pecados do dia em sal de lágrimas todos os medos em prece murmurar ouvi-me senhor afundar o corpo humilíssimo diante da mão misericordiosa suspensa do senhor que no céu como na terra fará a sua vontade e por isso nada é tua culpa que se fosse seria perdoada pelo milagre do arrependimento sincero
nos montes do norte as árvores agitam-se ainda presas ao chão de pés fincados agitam os troncos contra o céu e nós aqui nos arrabaldes desta cidade enterramos as mãos nos bolsos e rimos à noite saimos de casa procuramos quem nos dê a mão ou um abraço quem nos surpreenda na noite quem por amor nos liberte deste chão
do teu amável corpo serão feitos os meus dias do desejo que trago nas mãos deste calor desta angústia desta violência contida limitada até à pele meu amor do teu amável corpo será feito o meu prazer
é preciso abrir um rasgão na carne não acredito na alma mas no sangue não é etéreo o que anima este corpo é quente rubro de desejo e de medo um mistério líquido visível e indecifrável