Wednesday, June 14, 2006

imaginar um círculo um centro
uma casa ou um objecto ínfimo
um ponto de luz ou o escuro ao redor
cada um ser um centro num círculo
uma vida olhada vista ou ignorada presa
nos raios traçados de um a outro limite

Saturday, June 10, 2006

aberto o coração não sangra
expande-se alegra-se
enigma exposto ao dia
bate a favor das águas

nos largos dias solares
o teu corpo abre os braços
a voláteis seres

nas ruas resta o perfume
libertado do teu prazer

Wednesday, June 07, 2006

acredito em tudo o que disseres
se vieres vestida de branco
descalça pelas ruas se uma brisa
te levantar de leve os cabelos
e se os teus olhos guardarem a juventude
a tudo o que disseres estenderei o corpo
e o último dia terá sido ontem

Thursday, June 01, 2006

há dias em que se sabe que se morreu
em que nenhuma desculpa serve
para o bater tão nítido do coração
uma teimosia ou uma desistência
os sapatos apertam os pés e cansam
respirar por dentro da mortalha
sentado ao canto da sala uma caixa
o espaço minúsculo oprime a pele
arrumados os livros testemunham
o fim iniciado um dia o medo terminado
as costas voltadas ao centro à luz

o desejo armadilhando o caminho
empurra os corpos velhos
prende na banalidade no rídiculo
o sorriso estudado desonesto
morder os lábios conter a energia
que não morre avassala entristece
gastá-la em silêncios em provocações
olhares desesperados não vistos
o desejo armadilhando a vida
um resto de ânimo uma injustiça