chegado o dia ao fim
lamento a falta do sol
a pique sobre a pedreira
e deixo-me sentar
em frente à noite tão clara
vazia do zunido das abelhas
do corpo infantil deitado
na água fresca da horta
tão alinhada na terra
deixo-me cair na noite
fria da tua voz perdida
na espera de tantos anos
a esquecer os cheiros
que se colavam ao corpo
como o pó que bebíamos
quando rebentavas a rocha
com a dinamite guardada
nas caixas ao fundo da casa
e os cães fugiam do estrondo
escondidos no nosso abraço
chegado o dia ao fim
deito-me de luz acesa
que na noite ainda vivem
as velhinhas cruéis dos teus contos
que deixavam exangue
a imaginação
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