Monday, December 19, 2005


os teus olhos atravessam como aves
o meu corpo trémulo de desejo e saudade
eram as tuas mãos que me traziam as manhãs frias
com cheiro a erva e húmus e chuva e ternura
recuso escrever uma palavra que te contenha
recuso esses teus olhos que deixei entrar de rompante
a alvoraçar-me o corpo
recuso escrever que ainda anseio a tua chegada
o teu riso a tua boca a tua carne
recuso olhar-te recuso que saibas que fiquei mais velho
mais triste mais em silêncio
no dia que deixaste de vir e eu não pude mais
tocar o teu cabelo enquanto dormias
recuso dizer-te uma só vez que de ti tudo me falta
que tudo recuso por ti

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