Thursday, March 29, 2007

incandescente assusto-me na noite
tem de ser desenhada uma pedra milagre
um gesto concreto um olhar único
um segredo guardado toda a vida
tem de ser construído um mar
nele tem de existir o sal puro que redima
é preciso que um homem dê um passo e seja seguido
há-de ser dele que nascerá o pássaro
que expulsa dos corpos o medo

Saturday, March 24, 2007

há um quarto que espera no cimo das escadas
pelos teus passos nocturnos
um véu cobre as palavras possíveis
as facas não cortam o silêncio
nem o escuro proteje do pó
há uma porta que persegue o corpo
há sempre um animal que empurra
espalma as mãos nas costas e obriga
podes caminhar de olhos fechados
conheces todas as arestas da casa
em cada canto o veludo escorre para o chão
e um lago quente abraça o sono

Friday, March 23, 2007

hoje o corpo pulsa a jorros de sangue
e um grito de medo lança-se no dia
apaga-me o branco das paredes
que da saudade renasceu um nome